A trajetória da ocupação humana no território do atual Parque Nacional do Iguaçu tem longa duração e vasta diversidade cultural, iniciada com os paleoíndios, há mais de dez mil anos, associados à megafauna adaptada a um clima mais frio e seco. Com o aumento da temperatura e da umidade, a vegetação torna–se mais densa, a partir de oito mil anos atrás, chegando outros povos caçadores–coletores, que nos deixaram, além de vestígios da cultura material e áreas de habitação, muitas representações simbólicas, como pinturas e gravuras rupestres. Grafismos também foram elaborados por povos de ancestralidade Jê, ceramistas e agricultores, que ocuparam o sudoeste paranaense há quatro mil anos, sendo que há dois mil também aparecem populações Guarani, com várias aldeias formadas ao longo de um caminho transcontinental, o Peabiru. No século XVI, são os povos indígenas jê e Guarani que são contactados pelos exploradores europeus, que fundam cidades coloniais espanholas no atual oeste do Paraná. Como havia a resistência indígena, houve a fundação de missões jesuíticas, a partir do início do século XVII, junto ao rio Paraná e afluentes. E assim, a história foi sendo construída e ressignificada até os diversos momentos da ocupação contemporânea. A herança cultural no baixo rio Iguaçu é rica e altamente relevante. Antes de ser possível dissertar sobre essa herança, é importante perceber que o debate sobre a complexidade da gestão de áreas protegidas perpassa pela leitura da indissociabilidade entre sociedade e natureza. Essa reflexão vem ganhando cada vez mais evidência e atenção na contemporaneidade. Nesse sentido, o objetivo desse projeto é realizar o levantamento dos bens culturais do Parque Nacional do Iguaçu, que de alguma forma tiveram suas trajetórias históricas relacionadas com o Parque, contemplando ampla diversidade de tipologias e matrizes culturais, tendo em vista sua valorização e conservação. Espera-se realizar um levantamento qualitativo e quantitativo sobre os objetos históricos, considerando a possibilidade da formação das coleções. A partir desse levantamento, espera-se produzir um inventário dimensionando o conjunto de bens e seu estado de conservação.
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