Dentro das relações existentes na sociedade, concebemos a educação como uma prática essencial, que tem como objetivos a construção e reprodução de conhecimentos e de valores fundamentais para todas as dimensões da vida humana, a qualificação humana como um todo, na qual destacam-se os desenvolvimentos físico, afetivo, estético, lúdico, etc.
Entretanto, em grande parte das atuais práticas escolares, pode-se observar a qualificação humana subordinada exclusivamente às leis de mercado, conforme acrescenta-nos Mészaros: “A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de não só fortalecer os conhecimentos e o pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital como também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes.” (MÉSZAROS, 2005, p.35)
A educação como prática social se articula, medeia ou reforma determinada perspectiva ou projeto social mais amplo, a escola mostra-se assim como o melhor espaço onde novas subjetividades podem ser desenvolvidas nos futuros ou atuais trabalhadores e quando colocada à disposição específica do setor econômico é então necessária simplesmente para a formação das novas gerações da força de trabalho, fazendo papel de mero fator de produção.
A organização necessária ao sistema capitalista exige uma preparação funcional de trabalho e também ideológica para se manter. A educação funciona e é funcionalizada, na maioria das vezes como uma vasta agência à serviço do sistema produtivo em voga. Deve se conferir uma nova centralidade às atividades educativas, e concebê-las de modo alternativo ao capitalismo global, contribuindo na luta contra a exclusão social e a degradação ambiental, no aprofundamento da democracia e na defesa da diversidade cultural.
Observando a realidade do atual sistema educacional percebe-se uma relação conflitante e antagônica, que confronta de um lado as múltiplas necessidades do ser humano e de outro as necessidades de reprodução do capital.
Observa-se que o trabalho educativo é reduzido à produção/ampliação de mais-valia: na tentativa de adaptar o sujeito (estudante) à sociedade capitalista e ainda harmonizar os conflitos entre capital e trabalho, desconsidera-se o conteúdo desumano próprio da venda da força de trabalho e aproxima-se a educação do complexo da alienação. Assim a escola tem contribuído muito para o mercado de trabalho, e não somente quando tenta diretamente formar profissionais para exercer suas funções no sistema produtivo, mas mais ainda quando deixa de lado suas outras funções sociais, relacionadas à criação de saberes críticos.
O exame dos objetivos da escola só é possível a partir de uma visão de mundo e de sociedade que informa o objetivo específico da própria educação. A concepção de homem e educação na escola deve implicar como trabalho contribuir para a atualização histórico-cultural dos cidadãos. Um trabalho para a preparacao do viver bem, além do simples viver pelo trabalho e para o trabalho.
É preciso interromper a lógica de dar à escola status de preocupação somente quando contribui com algum retorno para o sistema econômico. “Parece que a escola tem sempre que buscar na economia as razões para sua importância” (PARO, 2001 p.23). A escola é importante antes, e acima de tudo, como consumo. Estudar é principalmente realizar o direito de usufruir do patrimônio construído pela humanidade. É preciso que se coloque no centro das discussões e práticas formativas a verdadeira função educativa da escola – a formação de cidadãos atualizados, capazes de participar politicamente, usufruir do que o homem histórico produziu e dar sua contribuição criadora e transformadora à sociedade.
É preciso pautar-se por uma alternativa democrática de relações de cooperação, de trabalho e dedicação aos objetivos maiores da educação, como instrumento de aquisição cultural para a realização plena de sujeitos. O conceito de democracia não se aprende apenas no discurso, mas constrói-se na prática, com o exercício como opção de vida. A organização da escola como a encontramos atualmente representa uma das – se não a - menos democráticas instituições, o centro de gravitação do sistema educacional, de onde vem toda a organização, está fora da escola - e deve ser reposicionado.
A evidência da influência positiva da organização escolar sobre o comportamento das pessoas pode ser percebida quando se comparam escolas em que foram introduzidas inovações que provocaram maior democratização dos contatos humanos. Em suas pesquisas (1996 e 2000) Paro pode perceber os efeitos de uma organização institucional comprometida com os verdadeiros interesses da escola. Um ambiente escolar mais democrático, mais dialógico e de melhor convivência humana é o que buscamos.
A partir de um compromisso com uma nova visão de mundo que exige a prática para ser apreendida, temos o objetivo de desenvolver conteúdos de uma concepção mais elaborada de mundo, propiciar condições para vivê-la e aprendê-la cada vez mais consistentemente.
A pedagogia tradicional já não traz possibilidades para execução deste projeto, propõe-se então uma proposta de educação funcional, que se compromete com os verdadeiros objetivos educacionais, uma pedagogia que não seja dominada por princípios alheios ou manipulados de fora. Neste sentido, encontramos na pedagogia Waldorf os princípios de um organismo educacional vivo.
Aplicada no Brasil desde 1956, a pedagogia Waldorf baseia-se no conhecimento do ser humano completo. Sua principal meta é proporcionar à criança e ao jovem o desabrochar harmonioso de todas as suas capacidades, considerando as esferas física, emocional e espiritual do ser com vistas a um desenvolvimento integral. As escolas Waldorf tem proporcionado às sociedades onde se inserem, jovens dotados de grande criatividade, discernimento e autoconsciência, capazes de contribuir positivamente para os destinos do mundo à medida que compreendem seus próprios. Na pedagogia Waldorf, educar e ensinar significam promover o pleno desenvolvimento das capacidades latentes em cada ser humano.
Para isso propõe atividades educativas que vão alem do informar e treinar para disputas, de conhecimento, vestibulares ou profissionais. A pedagogia em questão assume a necessária tarefa formativa e incentivadora das reais aptidões de seus alunos, ajudando-os a se tornarem sujeitos ativos na superação de possíveis obstáculos e na descoberta de seus próprios caminhos de vida.
Nesta pedagogia a base da educação é a compreensão do ser humano. Do jardim ao colegial todo o trabalho é permeado pela arte, e o currículo é apresentado de acordo com o desabrochar do conhecimento, respeitando cada fase do desenvolvimento da criança e do jovem. Desta forma eles buscam o aprendizado nos desafios que encontram e no interesse naquilo que fazem e como fazem.
A arte auxilia o pensar lógico a buscar, com a prática da observação, mais profundidade no mundo e em tudo que envolve o homem, no seu espaço e suas relações. O encontro com a beleza e a estética, ajudam a formar um ser equilibrado e harmônico no seu pensar, sentir e agir. A pedagogia Waldorf torna-se então um instrumento transformador, onde adultos e crianças se auto educam, e amam a arte de educar e aprender.
A partir destes princípios é que se pensou oferecer a comunidade de Foz do Iguaçu o estudo da pedagogia em questão. A oferta deste conhecimento é um marco inicial para a construção de cursos sobre a pedagogia e grupos de estudo e aprofundamento das bases pedagógicas que se propõem.
(Maiores informações sobre as práticas da pedagogia em anexos.)
LANZ, Rudolf. A pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano. 10 ed. São Paulo: Antroposófica, 2011.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Tradução de Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2005.
PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre a educação. São Paulo: Xamã, 2001.
Será oferecido um encontro com a pedagogia Waldorf, um contato com as bases que fundamentam a proposta.
Este primeiro encontro com a pedagogia está programado a acontecer ainda no primeiro semestre de 2015, possibilitando que os resultados dele repercurtam em outros eventos/cursos ainda no ano de 2015.
A organização do tempo abrangerá 5 manhãs de sábado, programadas para o mês de maio porém sujeitas a reorganização
MÊS
ATIVIDADES
01
Fevereiro
Neste momento direcionaremos os conteúdos específicos, e as atividades necessárias para trabalhar os objetivos do curso. Organizaremos os conteúdos, a programação, os professores visitantes. Faremos a divulgação do curso.
02
Março
No mês de março continuaremos com a divulgação e organização do curso e abriremos as inscrições.
03
Abril
No mês de abril fecharemos a turma.
04
Maio
No mês de maio, em todos as manhãs de sábado, ofereceremos o curso – das 08h as 12h.
05
Prepararemos uma avaliação parcial do curso, observando os resultados já alcançados e realizando possíveis ou necessárias modificações nos conteúdos ou na organização visando a continuação dos estudos.
06
Neste momento a partir da coleta de dados do mês anterior, a equipe desenvolverá os relatórios do curso e emitirá os certificados dos participantes. Finalizaremos o curso realizando as avaliações finais e regimentárias.
Discentes, docentes e técnicos
Profissionais da educação e interessados na pedagogia
Sala de aula
apresentação flauta
escola querência
sala de aula
escola micael
aula de aquarela
aula de música
produções dos estudantes
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