Palestrantes

HELENA LUIZA MATUO RODRIGUES

Mestranda em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Integra o grupo de pesquisa “Dinámica capitalista, crisis democrática y conflictos socioambientales en América Latina y el Caribe”. Desenvolve pesquisa sobre investimentos estrangeiros no setor energético brasileiro, com foco nas interações entre desenvolvimento, democracia e justiça socioambiental. Possui experiência na Organização das Nações Unidas (UNODC) e atua como voluntária no Observa China, contribuindo com atividades de pesquisa e divulgação científica.

Democracia em Suspenso: Cooperação Energética e Silenciamento de Territórios

Esta apresentação analisa os impactos da política energética brasileira sobre a qualidade da democracia, com foco nos territórios afetados por megaprojetos, como as usinas hidrelétricas. A partir da Ecologia Política latino-americana e da Economia Política Internacional crítica, argumenta-se que a transição energética no Brasil tem avançado de forma centralizada, tecnocrática e excludente, marginalizando comunidades tradicionais e silenciando conflitos socioambientais. Em nome da sustentabilidade e do progresso, o Estado atua como mediador de interesses econômicos, esvaziando o debate público e restringindo a participação cidadã.

Retomando Norberto Bobbio, evidencia-se o descompasso entre as promessas normativas da democracia liberal — como igualdade, transparência e participação — e sua realização concreta. Já Carole Pateman contribui ao destacar a importância da participação substantiva nos processos decisórios. Nos territórios impactados, observa-se um modelo político seletivo, em que vozes dissidentes são deslegitimadas e os espaços deliberativos enfraquecidos.

A análise propõe repensar a democracia brasileira a partir das margens, onde os conflitos por energia revelam os limites do modelo representativo. Sustentabilidade sem soberania popular reforça a exclusão. Uma transição energética justa exige reconhecer o dissenso, valorizar os saberes locais e ampliar os mecanismos de decisão compartilhada.